2. Super Mario Shirayuki-hime
Hoje, convido vocês para sair um pouco da normalidade, ir para um local onde o Bowser se chama Koppa, o Toad se chama Knopio e o 2º game da franquia de jogos mais famosa da Nintendo é tão difícil de se jogar que eles preferiram lançar uma versão completamente diferente no resto do mundo - só o nome era o mesmo.
O Mario oriental é diferente do Mario ocidental, isso é fato! O bigodudo desse lado do mundo tem diferenças muito claras de como o encanador é retratado no Japão; os nomes, os jogos, até a forma de agir - só eu que sempre achei que o Mario era mostrado de uma forma bem mais ranzinza e enfezada em versões americanas? Quando pegamos uma versão Nipônica do personagem ele aparenta ser bem mais monodimensional do que realmente ele é, além dele não ser tão rabugento, né. É importante salientar que parte da nossa visão do personagem foi influenciada pelas adaptações americanas do encanador, bem, pelo menos, assisti o desenho do Super mario na minha infância, e a versão que eu assistia, era a versão dos Eua.
Tá, e ai? Onde quero chegar com esse papo? Bem, Mario tem origens Norte Americanas, afinal, sua gênese foi como Jump Man no primeiro jogo do Donkey Kong, esse jogo que tem uma forte inspiração em King Kong. Esses encontros e desencontros de mídias Nipônicas bebendo de inspirações Estadunidenses, são muito interessantes porém me causam bastante reflexão já que - Hiroshima e Nagazaki, né?
O pós guerra Japonês é algo que me fascina bastante, afinal até hoje vemos resquícios de atitudes e decisões tomadas antes, durante e depois da guerra. Uma coisa importante de se mencionar é que o imperialismo Nipônico está presente na história da animação Japonesa desde seu nascimento; Momotarō: Umi no Shinpei é um filme de 1945, uma animação de 74 minutos, preto e branco, sendo o primeiro longa metragem animado da história do Japão, em resumo: é um filme propaganda. Não irei me aprofundar nesse filme agora, pois futuramente irei escrever um crítica sobre este filme. O que importa aqui, é como o Japão lidou com o imperialismo Norte Americano; quando o Japão se rendeu, eles tiveram que aceitar os termos impostos na declaração de Potsdam, que era uma declaração que exigia a rendição de todas as forças armadas japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, aliás, a partir dessa declaração que houve a ocupação dos Eua no Japão, o país que antes era tão cruel tão sedento por dominação, estava sendo dominado - além da ocupação, proibiram o Japão de possuir forças armadas.
Em 51, as forças armadas americanas saíram do território Japonês, isso por conta do Acordo de Paz de São Francisco; como isso tudo que eu escrevi toca na produção cultural japonesa? Bem, aquilo que era utilizado para fomentar a raiva popular em relação aos outros países, e construir uma imagem de poder absoluto ao redor do Japão, já não era para isso, na verdade é perceptível a influência de outros países e culturas em trabalhos feitos no pós guerra; Koneko No Rakugaki filme de 57, é um dos primeiros filmes feitos pela Toei Animation, estúdio esse que adaptou muitos contos europeus para anime, aliás, até hoje o mascote do estúdio é o Gato de botas - que não é da cultura japonesa - mas voltando para Koneko no Rakugai, esse curta contém técnicas de animação que lembram muito os clássicos da era de ouro Disney, clássicos esses que foram utilizados como propaganda para os Eua durante a Segunda guerra - aliás, sabiam que os olhos grandes e expressivos que Osamu Tezuka desenhava eram por conta dos olhos grandes e expressivos que foram desenhados em Bambi, filme esse que inspirou Tezuka a escrever Kimba, o Leão Branco?
Vários contos de outros países foram adaptados para animes japoneses - um exemplo disso é a série de séries da Nippon Animation: Sekai Meisaku Gekijō, que contava histórias de vários cantos do mundo, com uma estética bem eurocentrica que até hoje cativa diversos espectadores ao redor do mundo, sem falar do sucesso estrondoso que fez e ainda faz no Japão - até então os trabalhos de animação japonesa em sua grande maioria traziam mais influencias japonesas do que de outros países; E é ai onde eu quero chegar, essa é a maior reflexão que tive quando vi um curta animado do Mario sobre a Branca de Neve, até onde o Japão perdeu sua identidade, se é que o país perdeu sua identidade? Será que o Japão se tornou um mix daquilo que ele queria dominar? Será que ele mesmo se dominou? Essas e outras perguntas sempre me cercam quando termino de assistir um anime, quando termino de escutar City Pop e quando jogo Visual Novels.
Encerro este texto, dizendo que esse é só o começo dos meus textos mais reflexivos, isso aqui é só a porta de entrada para futuras discussões que vamos ter aqui nesse espacinho nosso; espero ver vocês nas próximas reviews, para que possam ver me ver escrever os maiores textos para coisas extremamente simples e vazias.
Uma animação Japonesa sobre um encanador Italiano interpretando um conto Alemão que se popularizou por conta de uma adaptação em longa metragem feita por Norte Americanos? Que piada!
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