quarta-feira, 4 de agosto de 2004

Maio - Quer dizer, Agosto! Isso, Agosto! - Agosto, o mês dos animes (em 2004) - Dia 3

 

3. Kaze To Ki No Uta

Uma horinha de um filminho de duas mariquinhas se pegando... Shut up, and pick my money! - Vi o título e uma screenshot do OVA e falei: "Por que não?" e não me arrependo de ter visto esse filme. 

Kaze to ki no Uta é a história de Gilbert, que é um loirinho femboy, e Serge um projeto de nego doce; brincadeiras a parte, me aprofundei em saber mais sobre as origens desse anime, e descobri que ele é a adaptação dos três primeiros volumes do mangá de mesmo nome, que foi escrito e desenhado por Keiko Takemiya. Ao todo a obra original tem  17 volumes, logo, imagino que perdi uma boa parte da obra optando por apenas assistir o OVA; tanto que ainda estou pensando na possibilidade de ler o mangá por inteiro, afinal, curti o que assisti; além de que quero começar  a me aprofundar nos mangás produzidos pelo Year 24 Group - que é um grupo formado por escritoras e desenhistas de mangá shoujo, que foram responsáveis por criarem obras que se aprofundavam em temas complexos, como gênero, sexualidade, sexo, depressão, etc. Importante ressaltar que elas surgiram nos anos 70, onde todos esses temas eram considerados tabu pela sociedade japonesa. Aliás, a própria Keiko Takemiya fazia parte desse grupo.

Uma coisa que me incomodou foi o fato de que os personagens são desenhados de maneira com que pareçam mais jovens do que realmente são, bem, eu dei uma olhada no mangá, e lá a forma como eles são desenhados dão a entender que são bem mais adultos, sinto que no OVA eles se pareciam mais com crianças do que na obra original; essa questão dos personagens parecerem ter menos de dezoito me incomoda apenas pelas cenas de sexo e estupro que o anime tem, olha, no mangá também tem essas cenas, aliás, o mangá é até mais pesado, tratando de assuntos ainda mais complexos, como incesto e suicídio, por exemplo - Aliás, o mangá de Kaze to ki no Uta foi um pioneiro em trazer esse tipo de complexidade narrativa e temática para os mangás shoujo - Importante pontuar que os visuais do Gilbert e do Serge são muito bem trabalhados no anime; em comparação com os figurantes que fazem parte da escola onde se passa o anime é bem perceptível que Gilbert e Serge são os únicos personagens que tem determinados signos visuais que tradicionalmente são atribuídos a character designs femininos, essa questão de "subversão anti binarista" da obra não é por acaso, um dos charmes dos mangás do Year 24 Group é trazer personagens que contém características que sugerem uma androgenia aos mesmos, afinal em uma boa parte dos mangás que saíram desse grupo, o gênero e a sexualidade são debatidos; um exemplo ótimo disso são algumas mulheres de Oniisama e... que são desenhadas com elementos que remetem a características masculinas, como um olho mais cerrado, por exemplo. 

Pesquisando mais sobre essas questões envolvendo designs e etc. descobri que existe uma influência de A Princesa e o Cavaleiro em meio a tudo isso, o mangá de Osamu Tezuka tem uma protagonista que por conta de um acidente em seu nascimento acaba recebendo um coração masculino em seu corpo feminino, então mesmo que no reino onde se passa a história, Safari - a protagonista de A Princesa e o Cavaleiro - seja considerada uma menina, dentro de si, ela é  um menino, preso num corpo de mulher, confuso, não? Um verdadeiro mangá a frente de seu tempo, que influenciou várias artistas a trabalharem de maneira diferenciada em seus personagens de mangá, afinal Tezuka trabalhou na Safari de maneira que trouxesse tanto quanto elementos masculinos quanto femininos - aliás, existe outro mangá shoujo dele que é bem bacana que há uma personagem que é uma mulher que se veste de homem para conseguir entrar numa escola de música se chama Prelúdio do Arco-iris, recomendo dar uma olhada depois, que é bem bacana e até foi publicado em terras túpiniquins.

Me impressionou bastante a qualidade do anime, pois ele é um filme de 87, e dá de dez a zero em muitos filmes que saíram depois dos anos 90, ele é um show de animação, direção, staging, composição, atuação de voz, ritmo e principalmente fotografia, esse filme, assim como outras obras adaptadas do Year 24 Group - como Rosa de Versalhes - tem uma cinematografia impecável.

Sendo sincero, o motivo que me fez assistir esse anime foi porque ele me lembrou bastante visualmente um filme de anime chamado The Door into Summer que está na minha lista negra de animes que nunca consegui assistir porque não há legendas em inglês ou portguês em nenhum canto da internet - Spoiler, durante a minha pesquisa acabei tropeçando num link com um upload com legendas em inglês de The Door into Summer, provavelmente irei assistir ele, me aguardem! - bem, espero algum dia achar alguma sub desse anime, tenho curiosidade em assistir e muita frustração e raiva por não conseguir as legendas, e foi essa raiva e frustração que me impulsionaram a assistir esse anime muito, muito gay - e, diga-se de passagem, eu amei. 



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